Os Reis da praia
Com "King Of The Beach" os Wavves arriscam-se a ser um dos nomes mais repetidos nas diversas listas de melhores álbuns de 2010.
Com uma produção intensa de um álbum por ano, os Wavves conseguem ao terceiro álbum encontrar o caminho que os confirma como uma das mais promissoras bandas dos anos 00. Depois do álbum de estreia em 2008 que chamou a atenção do mundo musical, onde eram evidentes o carácter lo-fi, a distorção e o ruído, e de um segundo álbum em 2009, que pouco acrescentou face ao primeiro. Eis que em 2010 apresentam-nos novas direcções, bem diferentes das seguidas nos álbuns anteriores. Para esta evolução muito contribuiu o ultrapassar de alguns momentos mais conturbados decorridos do uso abusivo de álcool e drogas, em primeiro lugar e em segundo, a chegada de dois novos elementos à banda, o baterista Bill Hayes e o baixista Stephen Pope, provenientes da antiga banda de Jay Reatard.
Se antes prevalecia o ruído, por vezes sobrepondo-se à voz de Nathan Williams, agora, no novo álbum é a luz, o sol da Califórnia, de onde são provenientes, que brilha. O próprio título é expressivo dessa nova energia (quase uma espécie de redenção), a que não serão alheias as influências surf rock de bandas como os The Beach Boys ou Guided By Voices. Mas não se pense que o espírito lo-fi, garage rock, dos primeiros álbuns se perdeu. As guitarras e a distorção são marcas que continuam presentes, mas o que se perdeu em ruído ganhou-se em harmonia, luminosidade, um som mais polido, mais pop, fruto também de uma produção exemplar de Dennis Herring, produtor que já trabalhou por exemplo, com os Modest Mouse.
E agora que o Verão já lá vai, sempre que as saudades do bom tempo e do calor apertarem, nada melhor do que ouvir "King Of The Beach" e sentir o sol a bater-nos na cara.
Texto publicado na Revista Magnética de Novembro.
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