The Kills - Blood Pressures
A lista dos melhores álbuns de 2011 vai-se compondo, e se no mês passado a contribuição pertenceu aos The Strokes, este mês pertence os The Kills. Depois de uma longa espera, desde MIDNIGHT BOOM que não ouvíamos falar deles (4 anos de espera depois de um álbum assim é um tormento), chega-nos finalmente BLOOD PRESSURES. E se as expectativas eram elevadas, podemos afirmar que foram em parte cumpridas. A verdade, é quase impossível voltarem a criar uma obra-prima como MIDNIGHT BOOM, se assim for, estes senhores têm de ser elevados à categoria de deuses. O que não significa que estes senhores não tenham já o seu lugar às portas do Olimpo.
Os The Kills são umas das bandas mais cool da actualidade. Em muito contribui ter atrás do microfone uma das mulheres mais sexys do mundo da música, Alisson Mosshart. Ver os The Kills ao vivo é como assistir a um filme erótico em que os seus intervenientes nunca se chegam a despir, e nem precisam, tal é a tensão sexual entre os dois. É dessa tensão que nasce a música dos The Kills, dessa provocação constante que ora nos repele, ora nos sorve violentamente. Somos atraídos por essa sexualidade latente como se também nós fizéssemos parte daquele jogo. E é o desejo de sermos, também nós, assim tão cools que nos atraí.
FUTURE STARTS SLOW que abre o álbum é o preliminar perfeito que nos deixa ávidos de mais. A bateria são como palpitações que aumentam à medida que a guitarra nos acaricia e somos envolvidos por uma voz sussurrada ao ouvido. O jogo prolonga-se com SATELLITE, o single de apresentação. Em WILD CHARMS é Jamie Hince, não nos esqueçamos dele, afinal para uma relação resultar são precisos dois, que nos prepara para o que se segue. BABY SAYS e THE LAST GOODBYE embala-nos e conquista-nos com doces palavras, cantadas como se fossem nossas. Para logo de seguida atingirmos o clímax, após o qual nos espera o relaxante cigarro, POTS AND PANS.
Se no álbum anterior a faceta pop era mais vincada, em BLOOD PRESSURES é mais visceral, mais rock n’ roll, à imagem dos primeiros álbuns. Destaque também para uma maior presença da voz de Jamie Hince, com muitas das músicas a serem cantadas em coro. BLOOD PRESSURES não nos presenteia com tantos hinos, daqueles que ficam para a posteridade, mas nem assim deixa de ser um excelente álbum pop rock.
Os The Kills comprovam ao quarto álbum que são, sem o serem, um casal cuja relação vai de vento em popa, revelando uma estabilidade e uma cumplicidade típicas de umas bodas de ouro.
Texto publicado na Revista Magnética de Maio.
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