The Mars Volta - Coliseu dos Recreios


Não foi o melhor mas também nunca será o pior! Terminado o concerto dos The Mars Volta no Coliseu dos Recreios, era esta a sensação que pairava. Vistas bem as coisas, não há nada de negativo a apontar mas ficou a sensação de ter ficado a faltar alguma coisa. É a mesma sensação que se tem quando mesmo depois de uma bela refeição ainda nos continua a apetecer mais qualquer coisa, um doce. E foi claramente esse doce que ficou a faltar!

Depois de uma primeira passagem por Portugal há quase 10 anos, no agora reaberto Paradise Garage (concerto mítico que ficará como um dos melhores deste milénio), e uma segunda passagem por Paredes de Coura em 2008, os The Mars Volta regressaram, ao sexto álbum, para um concerto muito aguardado pelos fãs. E foi um coliseu, longe de estar cheio, mas cheio de expectativa para assistir a uma das mais entusiasmantes banda ao vivo.

A entrada em palco é feita ao som de uma cornetada mexicana, como que a dar início às festividades, para logo de seguida rebentar com ‘The Whip Hand’. Com Cedric Bixler-Zavala a confirmar toda a esquizofrenia que se lhe reconhece e a entrar a todo o gás, correndo e dançando como lhe é característico, enquanto mantinha uma relação muito especial com o suporte de microfone. Ele que mais tarde, se desfez em elogios à sala, comparando-a a uma nave espacial e afirmando que eles próprios eram uma nave espacial, comparação que tão bem lhes assenta.

Os Mars Volta são acima de tudo excelentes músicos, de uma qualidade técnica superior, e têm grande facilidade em colocar todo o seu virtuosismo em palco. Para quem assiste, é muito fácil ficar abismado e deixar-se levar pelos longos momentos de improvisação, com a voz de Cedric sempre a orientar o caminho, qual piloto. Mas não é uma viagem fácil, as manobras são arriscadas e todo o experimentalismo e o psicadelismo que lhes corre nas veias acentua-se numa vertiginosa viagem sempre em alta rotação.

Num alinhamento dominado pelo último álbum, das 10 músicas tocadas, 7 pertenceram a Noctourniquet. Embora a constante boa reacção do público, os ânimos começaram realmente a aquecer quando os primeiros acordes de ‘The Widow’ se fizeram ouvir. E quando o público estava em completo êxtase, pronto para mais uma hora de concerto, os The Mars Volta abandonaram o palco para não mais voltar. E mesmo apesar da forte insistência do público, que ficou, sem exagero, mais de 10 minutos a chamar pela banda, não voltaram. Talvez se o tivessem feito, a sensação final teria sido outra. Apesar de tudo, voltassem eles amanhã, para a semana ou para o mês que vem, e lá estaríamos os mesmos para aplaudir novamente! E para os que nunca os viram ao vivo, um conselho, na próxima oportunidade não faltem.

Referência positiva para Le Butcherettes, que abriram as hostes. Um duo transformado em trio com Omar Rodríguez-López no baixo.

Texto publicado na Revista Magnética.

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