Jameson Urban Routes - O Rescaldo
Depois de um primeiro dia ficar marcado pelo cancelamento de Willy Moon, coube aos Youthless a ingrata tarefa de substituir aquele que se figurava como cabeça de cartaz para a noite inaugural da 6ª edição do Jameson Urban Routes. Coube às Anarchicks as honras de abertura, num concerto que serviu de apresentação do álbum de estreia da banda a editar recentemente. De seguida os Youthless e, a fechar a noite, os DJs Breach e Rui Trintaeum tomaram conta da pista dando lugar às sonoridades mais electrónicas.
Para o segundo dia, a expectativa era grande quanto à actuação de Planningtorock. E não foram defraudadas, mas já lá vamos. A noite começou ao som de Lapalux, um concerto a pedir uma hora mais tardia. Teria resultado melhor a seguir a Planningtorock. Janine Rostron em palco transforma-se sempre em Planningtorock, personagem misteriosa, hipnotizante, estranha, num espectáculo/performance com uma forte componente cénica, cheios de subtilezas, em crescendo, a puxar pelo corpo que aos poucos se vai libertando da penumbra até chegar a um estado de euforia dançante. Grande concerto!
No último dia da primeira metade do festival, os WhoMadeWho foram donos e senhores. Uma sala esgotada para assistir a um concerto com muito ritmo, com as músicas a seguirem-se umas às outras numa cadência frenética, sem interrupções, qual comboio desgovernado! Eram perto das 2 da manhã quando subiram ao palco, muito aprumadinhos, como bons nórdicos que são, de camisa e suspensórios, para quase duas horas de concerto esgotantes que só terminaram, e de forma apoteótica, ao som de ‘Satisfaction’. Antes desta verdadeira explosão de energia que se abateu no MusicBox, tinham passado pelo palco os The Discotexas Band, banda que reúne no seu elenco Da Chick, Luís Calçada, Miguel Vilhena e Xinobi, que mais tarde voltaria à pista com honras de encerramento.
Ao quarto dia, os Gala Drop deram início a mais um fim de semana de muita música. Numa noite em que partilhavam o palco com uma banda que muito admiram, não se deixaram intimidar e deram um concerto muito competente, em jeito de preparação para o que se seguiria. Os Six Organs Of Admittance apoderaram-se da sala com o seu som poderoso e longos solos penetrantes para um concerto curto mas intenso. Ainda um pequeno aparte: enquanto no palco tocavam os Six Organs Of Admittance, pela plateia passeavam-se várias celebridades musicais, entre elas Panda Bear e Twin Shadow, este último a deixar antever o dia seguinte.
E finalmente chegamos ao último, e muito aguardado, dia do festival, numa noite em que as restantes bandas foram remetidas para segundo plano, tal era a ansiedade pelo regresso de Twin Shadow a Portugal. Foi um clima de total euforia que tomou a sala. George Lewis Jr. tem uma relação curiosa com Portugal e, apesar da curta carreira, já são inúmeros os concertos em território luso. Existe uma forte empatia com o público português e isso ficou mais uma vez patente ao longo de todo o concerto, numa troca de piropos constante, sempre muito elogioso para com este nosso país. E embora tivesse o público na mão, não se poupou a esforços para fomentar a relação. Com um alinhamento forte, atendendo inclusive a pedidos vindos da plateia, como ‘Tyrant Destroyer’ a terminar o concerto, ficou, mais uma vez, a ideia de que alguns temas precisam de ganhar outra maturidade em palco. Embora sem grandes falhas a apontar, continuam a ficar aquém do que soam em álbum. Mesmo assim, um dos melhores concertos do festival, em mais uma bem-sucedida edição, a deixar-nos com água na boca já para a próxima.
Texto publicado na Revista Magnética.
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