Ariel Pink - Lux



Uma pequena nota antes de irmos ao que interessa: Ariel Pink é uma personagem! Uma personagem no bom sentido, daquelas que nos fazem sorrir e darmos graças por existirem.

O concerto do passado dia 1 no Lux serviu de apresentação do mais recente álbum “Mature Themes”, editado este ano pela 4AD. Depois de na primeira parte as Pega Monstro, iguais a si próprias, nos terem apresentado uma série de novas músicas, Ariel Pink e os seus Haunted Graffiti presentearam-nos com um concerto que nos transporta numa viagem ao seu imaginário muito particular, com o seu quê de bizarro.

Qual Elton John em início de carreira, Ariel Pink sobe ao palco visivelmente adoentado e com umas calças emprestadas porque, segundo ele, num espirro imprevisto teve um ligeiro descuido! O tom foi sempre de descontracção e para isso muito contribuem as músicas alegres que rapidamente contagiam o público. Mas não se pense que são música fáceis, de receita garantida. São músicas dotadas de complexidade, que reflectem um profundo conhecimento da história da música pop aliado a um rigoroso exercício de reinvenção. É reconhecida a capacidade criativa de Ariel Pink, cada vez mais requintada e com o passar dos anos. O carácter lo-fi dos primeiros álbuns, embora presente, denota um aprimoramento que o transporta para um outro nível sem nunca perder identidade.

Quanto ao concerto, com o seu decorrer foi ficando mais estranho. Estranheza que se vai entranhando à medida que nos vamos aventurando no estranho mundo de Ariel. É como uma droga alucinogénia, que depois de um primeiro estado de euforia vai-se apoderando da nossa consciência, tornando o estranho cada vez mais real! Uma expansão da consciência que nos permitiu compreender um pouco melhor o universo de Ariel Pink, mas não o suficiente, e ainda bem!

Texto publicado na Revista Magnética.

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